- 3 Janeiro, 2017
- Categoria: Opinião
A UGT entende que o desenvolvimento económico e social de Portugal tem de continuar a assentar numa estratégia concertada e sustentada para o Emprego, para a Competitividade e para o Desenvolvimento, respondendo a um conjunto de desafios-ameaças e oportunidades que decorrem, quer das características do nosso modelo de desenvolvimento, quer das cada vez mais estreitas interdependências entre países à escala mundial. A globalização, que assume nos nossos dias contornos diferentes, fruto de novos processos e fatores de internacionalização – dos quais as mutações nas tecnologias de informação e de comunicação e a fonte mobilidade dos capitais são certamente os mais relevantes – tem vindo a colocar exigências acrescidas de modernização e de aumento da competitividade às nossas empresas que se confrontam com um quase esgotamento de um modelo que sustentou a sua competitividade nos baixos salários.
Teremos, por conseguinte, de assegurar a passagem de um modelo de “construção de conhecimentos e competências” centrado num espaço de tempo limitado (escola ou uma ação de formação profissional) para um modelo centrado numa aprendizagem ao longo da vida, cimentada por um conjunto transversal de conhecimentos, nomeadamente em domínios como a informática, as línguas e a comunicação.
A valorização dos recursos humanos será, sem dúvida, um dos grandes desafios da sociedade portuguesa a médio e longo prazo e a criação de empregos de qualidade deverá condicionar a definição de qualquer estratégia de desenvolvimento para o país.
A sociedade e a economia não podem continuar a permitir que a resposta às exigências de modernização e de adaptação das empresas continue a ser feita à custa dos trabalhadores: da perda de direitos sociais, do incumprimento das normas de trabalho, do aumento do desemprego, do aumento da precaridade e da instabilidade do emprego, do afastamento do mercado de emprego de grupos de trabalhadores como os mais idosos, as mulheres, os menos qualificados e os jovens, do aumento da pobreza e da exclusão social e do aumento das desigualdades na distribuição de rendimentos e qualidade de vida entre os cidadãos. A sociedade e a economia não podem continuar a permitir tais situações que, para além de inaceitáveis socialmente, não são economicamente sustentáveis a médio e longo prazo. Um desenvolvimento equilibrado e sustentado que promova uma verdadeira coesão económica e social é certamente o objetivo último de qualquer estratégia de crescimento e de desenvolvimento. Esta estratégia de desenvolvimento económico e social do país, necessariamente apoiado numa abordagem transversal, deve ser consensualizada entre o Governo e os parceiros económicos e sociais, a nível nacional e regional. Neste âmbito, é urgente uma profunda discussão sobre o quadro de participação, nomeadamente dos parceiros sindicais que atualmente desempenham um papel fundamental no funcionamento da democracia, da economia e das empresas.