Intervenção do presidente da UGT Braga César Campos no XIII congresso da UGT

Srª Presidente;

Caro Secretário Geral;

Caros congressistas;

Sras. e Srs. convidados, observadores;

Minhas senhoras e meus senhores;

 

Quando há 4 anos atrás, após a sua eleição em congresso, me dirigi ao Carlos Silva felicitando-o e desejando-lhe felicidades para o mandato que agora terminou, dei comigo algo emocionado e até algo apreensivo porque tinha plena consciência que o desafio que ele tinha pela frente não era nada fácil, mas pelo contrario, seria um mandato extremamente difícil.

Não que eu tivesse duvidas quanto à sua competência, pelo contrario, eu tinha plena noção não só da sua competência, mas também que estava preparado para enfrentar com sucesso as batalhas que se adivinhavam.

As politicas adotadas pelo governo de então, assente na destruição de postos de trabalho, na redução de benefícios sociais, na diminuição do rendimento das famílias, no ataque aos direitos dos trabalhadores, diga-se de passagem, em grande parte ao abrigo do programa de ajustamento económico e financeiro a que o país estava sujeito.

O estado do setor financeiro era preocupante; a administração pública era bombardeada em todas as suas vertentes; o ensino via-se emagrecido duma forma brutal; a saúde era despojada de recursos (humanos e financeiros) tornando-se quase insustentável; o setor empresarial do estado vivia diariamente uma luta terrível para manter um serviço minimamente digno e de qualidade; e mais, muito mais…!

Era, portanto, este o panorama que o secretário geral e o seu executivo tinham pela frente na condução e na defesa dos seus sindicatos e dos trabalhadores portugueses.

Hoje, chegados ao fim dum mandato com estas vicissitudes elencadas, eu quero aqui dizer: conseguiste Carlos Silva. Tu e a tua equipa conseguiram mostrar ao país que com o diâlogo, com a negociação, com persistência e com determinação a UGT e os seus sindicatos não só resistiram a uma crise terrível que vivemos desde 2008, mas fizemos mais: conseguimos crescer. E esse mérito ninguém nos tira. É um facto.

Mas eu sou presidente duma união. E não podia deixar de vir aqui defender também o papel que as uniões tem tido no processo de implantação, divulgação e de crescimento da UGT.

Por isso, não posso deixar de cumprimentar e enaltecer o trabalho excecional dos presidentes das uniões, que juntamente com os seus secretários executivos e as suas equipas tem feito em prol desta central e em prol dos trabalhadores portugueses, que hoje, tem uma referencia em cada distrito que sabem que podem recorrer, como alias o tem feito, e que sabem que são bem-recebidos, são bem atendidos e são acarinhados por quem os recebe.

Devo aqui também realçar os escassos meios com que sobrevivem as uniões e que limitam outras realizações que poderiam e deveriam ser desenvolvidas. Mesmo assim,

São inúmeros os encaminhamentos que diariamente se fazem para os sindicatos correspondentes para filiação;

São inúmeras as informações que diariamente se prestam a trabalhadores que se nos dirigem a solicitar informação, mesmo estando sindicalizados num determinado sindicato;

São pareceres que nos são solicitados por diversas entidades e que nós encaminhamos para o sindicato correspondente, tornando assim uma ligação mais fácil entre essas entidades e os nossos sindicatos;

São as portas que abrimos aos nossos sindicatos nas autarquias, nas escolas, nas empresas, para que conheçam a UGT, os seus sindicatos e os seus dirigentes sindicais e modifiquem assim a imagem negativa que tem dos sindicalistas e que, infelizmente, foi criada por outros sindicatos nossos concorrentes.

E aqui, eu mais uma vez, tenho que realçar a disponibilidade e o apoio que o secretário geral tem manifestado sempre que para tal é solicitado. De facto, o Carlos Silva deu uma outra dimensão às uniões. Sem este seu apoio e sem esta sua disponibilidade (e da senhora presidente também) as uniões, hoje, não teriam a implantação, e até a importância que hoje realmente tem, nas regiões onde estão sediadas.

São os seminários que organizamos no sentido de chamarmos a opinião publica para os problemas que se vivem no dia a dia no mundo laboral e não só.

A UGT Braga tem tido o cuidado de trazer temas à discussão que sejam efetivamente um motivo de maior preocupação social, tal como o desemprego jovem, a emigração, a violência domestica, a perda de qualidade de vida das pessoas por causa da exigência do trabalho…

Temos solicitado a ajuda e o apoio dos vários órgãos da UGT, como a comissão de mulheres e a comissão de juventude, sempre que o tema aborde uma destas temáticas.

Em outubro ultimo, a UGT Braga realizou um seminário sob o tema “as relações laborais e o seu impacto na sociedade”.

Tivemos a honra de contar com a presença da senhora Presidente da UGT Lucinda Dâmaso.

O painel de oradores foi cuidadosamente escolhido e brindaram-nos com excelentes intervenções.

No entanto, não posso deixar de realçar aqui o pedido que me foi feito por um orador, O prof. Eduardo Duque. Prof. Catedrático, sociólogo, investigador, um homem q tem passado parte da sua vida a estudar as causas dos maiores e mais graves problemas que a sociedade de hoje vivencia, e que depois de fazer uma abordagem profunda sobre a temática, me pediu que trouxesse este tema para dentro da UGT e que a UGT reforce, se possível, a sua ação no combate a todas os modelos de desagregação familiar que proliferam no mundo do trabalho.

Depois de me ter sido solicitado pela srª presidente o envio para a central do resumo das intervenções, decidimos encaminhar o mesmo para todas as uniões e sindicatos.

Este é, na minha opinião, o grande cancro causador da perda de valores fundamentais na sociedade, e que conduz à destruição daquele que é o grande suporte de qualquer ser humano, que é a sua família.

Tudo aquilo que fizermos para chamar a sociedade a refletir sobre este tema, a refletir sobre de que forma o seu trabalho está a influenciar a sua vida pessoal e familiar, será pouco.

Mas não tenho duvidas que é um trabalho que será, nem que seja a seu tempo, reconhecido pelos trabalhadores e trabalhadoras portugueses.

Daí eu dizer que as uniões têm hoje um papel fundamental no despertar de consciências para os problemas que os trabalhadores e a sociedade hoje vivenciam e que, penso ser já amplamente reconhecido por todos: trabalhadores, autarquias e demais entidades, quer públicas quer privadas.

É por isto mesmo um trabalho que me parece importante para o desenvolvimento e para o futuro da nossa central que queremos cada dia mais forte, mais unida, mais coesa, mais ativa e mais abrangente.

Muito obrigado

 

O presidente da UGT Braga

César Campos